terça-feira, 19 de novembro de 2013





Somos o avesso um do outro. Quando duvidas, paras, e eu sigo em frente. Quando tens medo, eu tenho vontade; quando sonhas, eu pego nos teus sonhos e torno-os realidade, quando te entristeces, fechas-te numa concha e eu choro para o mundo; quando não sabes o que queres, esperas e eu escolho; quando alguém te empurra, tu foges e eu deixo-me ir.
Somos o avesso um do outro: iguais por fora, o contrário por dentro. Tu proteges-me, acalmas-me, ouves-me e ajudas-me a parar. Eu puxo por ti, sacudo-te e ajudo-te a avançar. Como duas metades teimosas, vivemos de costas voltadas um para o outro, eu sempre à espera que tu te vires e me abraces, e tu sempre à espera que a vida te traga um sinal, te aponte um caminho e escolha por ti o que não és capaz.


Margarida Rebelo Pinto








Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, (...).Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo.Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar. Até se conformar e um dia então esquecer.
Margarida Rebelo Pinto

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Minha alma é uma orquestra oculta, não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, tímbales e tambores dentro de mim. Só me conheço como sinfonia."

Fernando Pessoa
Livro do desassossego
Se procurarmos o significado do termo "valor"  num dicionário encontraremos o seguinte: útil, preço, custo, meio de troca, entre outros. De facto, o valor está indelevelmente associado à necessidade e esta associada à vida. Tudo na vida vale o que vale porque lhe atribuímos um valor e todos nós temos uma certa obsessão por isso... Eu tenho a obsessão de cuidar de quem cuida de mim, de quem não cuida mas se lembra de mim,   e tenho ainda outras necessidades, mais propriamente futilidades, como por exemplo, entrar na fnac e comprar vários livros porque simplesmente acho que vou precisar (mesmo que nem sempre seja assim...) e quando não o posso fazer porque a moeda de troca não cai do céu, simplifico tudo e deixo outras futilidades de parte porque livros são livros e valem sempre a pena. Gosto de sentir as folhas de papel e de sentir o seu cheiro, gosto de escrever o que me apetecer em papel e só depois passar para o computador...e tenho um vicio terrível que felizmente é controlável porque não tenho uma máquina de produzir dinheiro em grande escala mas se eu pudesse... ai se eu pudesse... comprava vários modelos de vespas!

LX 150

terça-feira, 18 de junho de 2013

Pelas leis da física podemos dizer que quanto maior for a velocidade, maior é a distância de resposta do condutor para o mesmo tempo de resposta, ou seja, para o mesmo espaço de travagem, a violência do embate será tanto maior quanto maior for a velocidade inicial. E assim foi... se houver uma próxima vamos mais devagarinho pois podemos correr o risco de não resistir ao embate e na impossibilidade de remediar o mal, contentemo-nos em preservar-nos dele. 

Que falta me fazes

Se tu soubesses a falta que me fazes e as vezes que tive de me controlar para não te dizer tudo aquilo que me apetece dizer-te, não pensarias possivelmente que não me lembro de ti e que te esqueci pois não é verdade.  Existiram momentos em que julguei que isso tivesse acontecido mas tu aparecias sempre no meu caminho e fazias-me recordar aquilo que estava escondido. Embora não me entendas, senti necessidade de me afastar de ti, para não me magoar e para não te magoar também. Não era o momento certo, não seria justo para nenhum dos dois afogar as mágoas de um passado nos ombros um do outro para esquecer um passado que se encontrava ainda tão recente e tão presente. Os anos foram passando e julguei ter-te esquecido, não como um amigo leal e companheiro mas como homem... sim como homem... para mim sempre o foste e sempre serás especial. Tive tantas dúvidas que poderia ter esclarecido contigo, tive tanto medo. Fui cobarde. Agora posso dizê-lo sem vergonha e sem medo que me julgues, sou cobarde porque preferi evitar-te a compreender-te pois achei que me irias magoar e que a tua conversa comigo era igual a tantas outras que tinhas com todas as raparigas especiais que ías conhecendo. Se por um lado acreditei que pudesses ser o meu porto de abrigo, por outro havia algo em ti que me fazia duvidar de tudo isso. Desculpa, não te dei oportunidade de me mostrares o que realmente sentias por mim, não permiti que a tua insistência fosse mais longe, e hoje somos amigos... poucas vezes estamos juntos mas considero-te um amigo, alguém especial e embora gostasse de te dizer que estou bem , não estou assim tanto. Há dias cruzei-me contigo enquanto caminhava e acredites ou não o meu batimento cardíaco acelerou de tal ordem que sabia que estavas perto mesmo sem te ver. Quando os nosso olhares se cruzaram, trocamos palavras e eu olhava-te com atenção para os lábios e perdia-me nos teus olhos como antigamente. Tu, disfarçavas mas sei que sentiste o mesmo. Os teus lábios tremiam como se tivessem medo que os meus agissem e não falassem.

(retirada da Internet)